segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Mudanças de Estação



Por aqui vestimos as cores de Outono. Parece que veio de mansinho, na hora certa, ocupar o lugar que lhe pertence. O Outono é para mim a necessária estação para a hibernação que vem com o Inverno. Não que me passe sequer pela cabeça hibernar (porque como isto anda, aí de quem não vá trabalhar) mas porque no fundo o Inverno é um tempo de reclusão e meditação em que nos vimos confinados à protecção segura de um abrigo contruído, para que as tormentas que o céu divide, não sejam fatais e demasiado rigorosas.

A verdade é que arranjei uma desculpa para mudar um pouco, parece-me sempre que nunca está suficientemente bem e que se pode sempre melhorar e nunca fico totalmente satisfeita com o resultado. Exigência? não acho, até porque sou bastante descontraída quando faço uma coisa que realmente gosto. Mania da perfeição? ( completamente fora de hipótese, sou contra isso e a minha religião não me permite) Então o que será? Na verdade acho que é uma insatisfação que me é intrinseca, nunca estou realmente satisfeita com o resultado daquilo que faço. No entanto, esta premissa aplico-a a mim e exclusivamente a mim. Traz-me de facto alguns contra-tempos e nunca dou o devido valor ao que é meu. Apesar disso sei que consigo quase sempre transmitir a outros o valor que lhes atribuo, mesmo que por vezes a expressão desse valor seja feita de uma forma que me caracteriza, ou seja, é preciso conhecer a peça para lhe entender o significado.

Num dos vários cursos que já fiz (como é também característica da minha geração, todos nós acumulamos formações atrás de formações), na disciplina de relação interpessoal, o professor caracterizava o português como aquele que, numa sala escura onde só  houvesse um projector, se iria colocar no local mais sombrio dessa mesma sala. Lembro-me de ter pensado: Sou eu! Não há dúvida, corre-me sangue português nas veias! O pior é que isso nos tem trazido demasiados dissabores ao longo dos tempos, especialmente por desvalorizarmos aquilo que é nosso.

Felizmente vão existindo alguns Mourinhos e Figos e Ronaldos, que apesar das criticas de que são alvo no seu próprio país, lá vão levando a sua avante, acreditando sempre no seu real valor.


Temos que ser fortes! acreditar no nosso valor e acreditar que apesar de todas as cigarras a cantar neste país, as formigas resistirão aos Invernos, preparadas que estão para os tempos maus...





4 comentários:

  1. Tita, revejo-me exactamente no que escreveste :)
    Nem imaginas a vezes que mudo o visual dos meus blogues e nunca estou satisfeita ;)
    Acredito também que não nos valorizamos o suficiente, ficamos sempre na penumbra e isso só nos tem prejudicado.
    Gostei do final positivo!

    beijinhos

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    1. E' exactamente ai que temos que melhorar Fe no valor que damos ao que fazemos.


      beijinhos

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  2. Minha amiga Lou,
    O Outono,para mim,é como assistir impotente a uma agonia,tenha ela a forma que tiver...no cair das folhas,na cor sem cor do Sol e pior ainda sem calor.Uma antecâmara da morte...Mas eu acredito que é preciso morrer para reviver.Aqui.Num lugar que ainda não conhecemos.Num estado de alma.É assim o nosso crescimento individual e colectivo.
    Quanto à sua insatisfação é aquela que caracteriza os artistas!!!Beijinho grande!

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    1. beijinho Julia,


      Espero que sim que a insatisfacao seja isso e que a desvalorizacao nao faca com que os sonhos se transformem em nevoeiro ou apenas em meras lembrancas do que podia ter sido

      =), mas estamos ca para lutar por tudo nao e' ? o crescimento pessoal e colectivo so' termina quando todos deixarmos de sonhar e acreditar que podemos ir mais longe, e eu acho isso improva'vel. ( e desculpe la esta escrita sem acentos; nao me conformo com este teclado, mas olhe e' o que temos :/ )

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