Sempre gostou de os ver assim , imóveis, como se fossem estátuas humanas, aliás, é isso que lhes chamam, certo?
Estava um dia cinzento, daqueles dias em que o céu não tem cor definida e nem se consegue distinguir se o céu é céu ou se são apenas nuvens em blocos uniformes que se recusam a demonstrar as junções que existem entre elas.
Correu para perto assim que o viu.
Sempre a fascinaram aquelas figuras imóveis e indefinidas.
Poderia até fazer um quadro perfeito descrevendo-a com uma menina loira de totós, presos com fitas coloridas e um vestido que lhe dava a graça da idade da brincadeira. Mas não há quadros perfeitos e nem mesmo os grandes mestres se satisfazem por completo com as suas criações.
O cabelo era curto, talvez demasiado curto, o que com os seus 5 anos a fazia passar por qualquer coisa. Tanto podia ser menina , como menino, já que também não era hábito envergar os tais vestidos coloridos que seriam necessários para o quadro perfeito.
Era cinzento, todo cinzento, e tal como as nuvens se recusavam a demonstrar as suas fissuras também as suas roupas pareciam ter sido esculpidas do seu próprio corpo. Tudo uno. Cinzento. Imóvel. Respirava? Sentia? Pulsaria alguma coisa por baixo da cinzenta unificação?
Que estranho que é...não pode ser natural.
Fascinavam-na ao ponto de se deixar estar, também ela imóvel, durante todo o tempo que conseguisse à espera que a estátua humana se movesse.
O meu nome...chamam o meu nome...só mais um pouquinho...
Abriu os olhos
Vai-se mexer! vai-se mexer!
O olhar pareceu cobri-lo com uma chama de vida ténue, que depressa se apagou. Nem os próprios olhos pareciam transmitir vida através da imobilidade.
O meu nome...chamam o meu nome...
gritam-no agora...
Virou costas, devagar a principio e depois, abraçada pela curta memória característica de quase todas as infâncias, em passos salpicados por sonhos ultrapassando em saltinhos obstáculos que só ela própria via existirem no chão.
O homem estátua... Virou-se.
Tinha mudado de posição. Bastou apenas alguns minutos. Ele mudou de posição e ela não conseguiu dar conta.
Esconde as mudanças de posição, para que não o consigam perceber...deve ser por isso que também lhe chamam mimo.
Chamam por mim.
O que estavas a fazer?
Nada. Estava apenas a ver a figura da perfeição.
Este post é um verdadeiro mimo.
ResponderEliminar;)
=D , obrigada L.O.L, ainda bem que gostaste, fico feliz por isso.
ResponderEliminarBeijinhos
Não sei do que gostei mais, se do belíssimo e inspirado texto se do vídeo, divino!
ResponderEliminarTUDO PERFEITO!!!!
beijinhos e bom fim de semana
obrigada Fe, pela simpatia
Eliminarbeijinhos