Talvez este post venha um pouco fora de horas ou talvez tenha chegado mesmo na hora certa, o porquê de certas coisas acontecerem em determinados momentos é um mistério para mim, ainda!
Lembro-me, embora já com algumas lacunas, do dia da inauguração da Ludoteca: lembro-me de entrar dentro das instalações pintadas de fresco e ver aquelas miniaturas de mobilias, como se tudo fosse um mundo desenhado à medida que eu tinha naquele tempo. Já nessa altura era uma das caractereisticas daquele espaço, oferecer-nos a nós, crianças de então, as ferramentas necessárias para nos ensinar a pensar e a criar um espirito crítico em relação ao mundo.
Lembro-me das oficinas de leitura, em que nos eram lidos livros que nos faziam sonhar. Foi aí, através da voz da D. Camila que a vida me apresentou o Constantino . Ontem voltei a encontrá-lo. Os anos passaram, o espelho diz-me constantemente que já não sou uma criança ( embora a cabeça teime em deixar-se convencer!!) e os meus próprios filhos relembram-me diariamente o que mudou e o que nunca muda na lei da vida. Mas como eu dizia, ontem encontrei de novo o Constantino e, quem diria, exactamente no mesmo sitio onde o conheci pela primeira vez.
Com a conceção e adaptação de Maria Manuel Costa ( a Mané ) o constantino ganhou vida dentro do espaço da ludoteca, pela voz e interpretação dos nossos meninos. E não existem melhores palavras do que as da própria Mané ( expressas nas follha de sala) para descrever o que aconteceu:
« Constantino é o primeiro "Produto para o Público" da Oficina de Teatro que teve ínicio este ano lectivo na Ludoteca:Durante meses, as crianças tiveram uma hora semanal de expressão dramática/ interpretação. Queríamos mostrar um pouco daquilo que aprendemos até aqui, pois as aprendizagens a fazer não se esgotaram neste primeiro ano de projeto. Mas que peça apresentar-vos? Confesso que a escolha não foi fácil...Foram muitas e muitas horas dedicadas à escolha de texto... Mas o Constantino " Raça de Moço" estava cá guardado desde o meu 5ª ano, quando, às segundas-feiras , o liamos em voz alta na aula de portugês coma professora Clementina.
Era ele que havia de me arrebatar novamente o coração, e lancei mãos à tarefa de o adaptar para teatro e paraos meus muito queridos " atores". Espero que ele vos transporte por momentos, aessa ruralidade da segunda metade do século passado, onde, se por um lado a realidade mostrava a estes meninos que a 4ª classe , a escolaridade a que podiam aspirar, o contacto com a natureza e a ligação aos outros os levava a viver pequenas/grandes aventuras e sonhar... Realidades tão distantes dos " nossos atores" mas tão presentes ainda na nossa memória coletiva. Destes " retratos" tão maravilhosamente criados por Alves Redol, espero que o nosso Constántino tenha conseguido reter alguma das suas cores .
Não posso deixar de fazer alguns agradecimentos. Em primeiro lugar à Junta de Freguesia, que, felizmente, entende que as artes, em particular neste caso, o teatro, é fundamentalpara a formação global dos indivìduos. Aos pais, que permitiram aos seus filhos embarcar nesta aventura, ao Carlos Cardoso pela sua disponobilidade, à equipa da Ludoteca que foi incansável na realização dos cenários, no apio aos ensaios, na elaboração da sonoplastia; A Teresa, que por ter a " sorte" de ser da família, mais do que ninguém aturou as minhas "angustias" fora de horas de serviço, aos da minha casa, pelas horas que lhe roubei e em último por serem de facto os mais importantes, aos meus "Atores" que tanto se empenharam para que este projeto fosse uma realidade. »
Quem me conhece bem sabe que, para mim, uma democracia ativa e partilhada exige atores sociais responsáveis, instruidos e sobretudo com uma atitude critica perante o que os rodeia. Por isso sou eu que , em meu nome e penso que em nome de todos os pais, te a agradeço a ti Maria Manuel e a todos os elementos da Ludoteca, que nos ajudam nessa dificil tarefa de construir o futuro do país através do que nele tem mais valor, as pessoas e principalmente as crianças.
Aplausos para todos!!
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