quinta-feira, 4 de abril de 2013

Ser grande ( algo estranho acontece...)



O que queres ser quando fores grande? Qual de nós não respondeu continuamente, vezes sem conta , sempre com a mesma resposta que, aparentemente, parecia fazer sorrisos na cara dos "grandes"?

Preparar as respostas que os outros querem ouvir, também pode ser uma arte...


Fui excluindo, a pouco e pouco, com a capacidade prática que me caracteriza, todas as experiências que não preenchiam os requisitos mínimos para o tal "ser grande" . Se é que se chega alguma vez a tal coisa...

A profissão foi escolhida, após uma exclusão prática de hipóteses, através de uma revista inovadora na altura, a que se dava o nome de Fórum Estudante. Profissão de coração, era o que lhe chamavam, parecia bom para mim! Após as hipóteses clássicas ( para a entrada no lugar que tinha povoado o meu - nosso- futuro como a solução para todos os problemas da vida) lá foi a profissão de coração ( a preencher 2 das 6 hipóteses que nos permitiam) e no fim de tudo aquela que, após as exclusões, mais me fascinava, mas que não tinha qualquer sentido prático: bioquímica.  Sempre me fascinaram os processos químicos que compõe a biologia do ser. As andanças das cargas diferentes para trás e para a frente com todas as suas trocas e transformações lembram-me as alquimias que enfeitiçam os sonhos de magia que temos quando somos criança.

Das disciplinas a que mais me custou abandonar, durante o percurso prático que me definiu, foi a História ( talvez por isso insisto em carregar comigo as histórias que compõem as apertadas malhas da vida - minha, nossa - e do pais)

Quando lá cheguei, sabia tanto ao que ia como quase nada, mas recordo a primeira serenata monumental como o primeiro grande realizar de um sonho, meu. Os planos que fiz, desde o percurso em que o corpo teimou em transformar-se e aumentar descontroladamente, embora com algumas nuances e aproximações, tinham culminado naquele estar ali que era o mais importante.

Terminado o caminho em busca do "...que queres ser quando fores grande?..." fui largada na vida real. Estranho. As promessas de resolução de problemas desfazem-se em muros de preocupações, ocupações e indefinições e tudo parece um ciclone de acontecimentos que são supostamente para ser assim mas que ninguém sabe onde nos irá conduzir... ( não esquecer de não abandonar a parte pratica que sempre me definiu, é o que nos define que nos identifica, ou será ao contrário??)...



... e ninguém nos ensina que não podemos viver tudo outra vez, apagar e fazer de novo. Ninguém nos ensina que o caminho é sempre em frente e que é o próprio caminho que importa e não onde ele vai chegar...

Tentamos viver tudo de novo através dos olhos dos nossos filhos, recuperar os sonhos, a esperança, as possibilidades infinitas de fazer e desfazer, criar, gostar ou não, recriar , acrescentar e reparar, perdoando e comunicando com a facilidade com que se sente tudo à flor da pele. Tentamos acreditar que a vida pode moldar-se e transformar-se no que nós quisermos...

...e subitamente, ou não, depois de tudo isto, foram as crianças que me ensinaram. Elas trazem consigo a luz,  sempre que aparecem.  Cada uma diferente entre si, com diferentes formas de mostrar o que e como sente. Adoro sobretudo a forma como não conseguem separar-se e mesmo assim estão constantemente a demonstrar os ciúmes que têm, a competir pela minha atenção. Mesmo que a minha cabeça esteja cheia de mil uma coisas, mesmo que me façam perder a paciência, sei que me disputam ou me sufocam por que se sentem bem, no ninho que, como vou podendo, construo e reconstruo, melhoro e reformulo, para que se sintam felizes.

Ensino-lhes que o que importa é o caminho, que não importa a formula o que importa é sentir, amar e perdoar e ensinam-me que o que eu quero ser quando for grande é...


manter-me sempre, criança!

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