domingo, 8 de janeiro de 2012

O elogio da crítica


Somos um país de parlamentaristas. A nossa Assembleia da República é disso um exemplo, assim como aquelas indiscutíveis características de treinador de bancada e político de sofá. Talvez haja, por essa Europa fora, povos ligeiramente mais práticos e menos parlamentares, mas foi esta maravilhosa característica que nos permitiu correr mundo sem ficarmos vistos como ferozes conquistadores. As nossas relações são minimamente cordiais com quase toda a gente. Enfim, somos talvez um dos derradeiros povos a acreditar piamente na negociação e só se safa quem tem o dom de o fazer. O pior é que a maior parte das vezes negociamos mal ou parlamentamos demais e agimos de menos.



Ora uma equipa, e esta é uma definição que vi algures num trabalho de psicopedagogia da Escola Superior de Saúde de Faro, é “um conjunto de pessoas competentes e motivadas, que definem claramente entre si, os seus papéis, que são interdependentes numa actividade comum, que trabalham de um modo coeso e desenvolvem relações de confiança entre si. É fundamental que o líder deposite confiança nos outros elementos, ao faze-lo, está também ele a assumir riscos.” As equipas só funcionam bem se houver confiança e coesão e isso só acontece quando existe sinceridade. O líder é sincero os seus colaboradores também o serão. Só que isto leva-nos a outro problema, que é o da crítica. Os Portugueses têm um problema intrínseco com a crítica ( e não falo apenas dos outros, quando digo portugueses incluo-me também a mim). Achamos que, sempre que somos criticados essa critica pretende a destruição. Nada mais errado, só criticados podemos fazer uma autoscopia e perceber os erros para os podermos melhorar. É da critica que nasce a introspeção e da introspeção o crescimento.


Parece-me que isto se aplica a todas as áreas da vida e do dia a dia. Por vezes é dificil? É! Por vezes doi? Sim! Mas o que se espera numa relação coesa de amizade, de trabalho? Confiança! E quais são os amigos em quem confiamos? Naqueles que nos dizem as coisas tal como elas são. Embora seja muito mais fácil lidar com quem só nos elogia essa não é uma relação saudável. Ninguém é perfeito, todos temos os nossos defeitos, há que saber assumi-los, integrá-los na nossa personalidade e em termos laborais, procurarmos colmatar as nossas falhas com a ajuda de outros que estarão mais à vontade nas tarefas que nos parecem mais difíceis. Chama-se a isto equipa! Criticar não é destruir, há que saber fazê-lo e há que saber aceitá-lo. O elogio estimula, mas não permite a aprendizagem. Ninguém vence sozinho, cada um tem o seu potencial, temos que aprender a aproveitá-lo.
A união faz a força e é por isso que eu não acredito no pessimismo geral que se instalou. Mas para que exista força é necessário olharmos uns para os outros não como inimigos mas como peças essenciais deste puzzle humano que é a sociedade, aceitar as criticas utilizá-las e filtrá-las de modo produtivo, distinguir a destruição por prazer do apontamento consciente, só assim é que qualquer equipa se distinguirá.

Não vos parece bem???



1 comentário:

  1. Ai,Tita,Tita!Como seria belo o mundo com equipas coordenadas e confiantes!E estratégias criativas...Que o diga o "orgulhosamente português" Mourinho.

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