Somos um país de parlamentaristas. A nossa Assembleia da
República é disso um exemplo, assim como aquelas indiscutíveis características
de treinador de bancada e político de sofá. Talvez haja, por essa Europa fora,
povos ligeiramente mais práticos e menos parlamentares, mas foi esta
maravilhosa característica que nos permitiu correr mundo sem ficarmos vistos
como ferozes conquistadores. As nossas relações são minimamente cordiais com
quase toda a gente. Enfim, somos talvez um dos derradeiros povos a acreditar
piamente na negociação e só se safa quem tem o dom de o fazer. O pior é que a
maior parte das vezes negociamos mal ou parlamentamos demais e agimos de menos.
Ora uma equipa, e esta é uma definição que vi algures num trabalho de
psicopedagogia da Escola Superior de Saúde de Faro, é “um conjunto de pessoas competentes e motivadas, que definem claramente entre si, os seus papéis, que são interdependentes numa
actividade comum, que trabalham de um modo coeso e desenvolvem relações de
confiança entre si. É fundamental que o líder deposite confiança nos outros
elementos, ao faze-lo, está também ele a assumir riscos.” As equipas só
funcionam bem se houver confiança e coesão e isso só acontece quando existe
sinceridade. O líder é sincero os seus colaboradores também o serão. Só que
isto leva-nos a outro problema, que é o da crítica. Os Portugueses têm um
problema intrínseco com a crítica ( e não falo apenas dos outros, quando digo
portugueses incluo-me também a mim). Achamos que, sempre que somos criticados
essa critica pretende a destruição. Nada mais errado, só criticados podemos
fazer uma autoscopia e perceber os erros para os podermos melhorar. É da
critica que nasce a introspeção e da introspeção o crescimento.
Parece-me que isto se
aplica a todas as áreas da vida e do dia a dia. Por vezes é dificil? É! Por
vezes doi? Sim! Mas o que se espera numa relação coesa de amizade, de trabalho?
Confiança! E quais são os amigos em quem confiamos? Naqueles que nos dizem as
coisas tal como elas são. Embora seja muito mais fácil lidar com quem só nos
elogia essa não é uma relação saudável. Ninguém é perfeito, todos temos os
nossos defeitos, há que saber assumi-los, integrá-los na nossa personalidade e
em termos laborais, procurarmos colmatar as nossas falhas com a ajuda de outros
que estarão mais à vontade nas tarefas que nos parecem mais difíceis. Chama-se
a isto equipa! Criticar não é destruir, há que saber fazê-lo e há que saber
aceitá-lo. O elogio estimula, mas não permite a aprendizagem. Ninguém vence
sozinho, cada um tem o seu potencial, temos que aprender a aproveitá-lo.
A união faz a força e é por
isso que eu não acredito no pessimismo geral que se instalou. Mas para que
exista força é necessário olharmos uns para os outros não como inimigos mas
como peças essenciais deste puzzle humano que é a sociedade, aceitar as
criticas utilizá-las e filtrá-las de modo produtivo, distinguir a destruição
por prazer do apontamento consciente, só assim é que qualquer equipa se
distinguirá.
Não vos parece bem???
Ai,Tita,Tita!Como seria belo o mundo com equipas coordenadas e confiantes!E estratégias criativas...Que o diga o "orgulhosamente português" Mourinho.
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