quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Universalisar Grândola

da exposição sobre a vida e obra de Zeca afonso


É verdade! nasci aqui. Pouco antes de chegarem os 80, pouco depois da revolução . À direita do jardim, de quem olha de norte para sul, numa casa particular, sem qualquer tipo de anestesia ( o que hoje, pode parecer uma tarefa impossível para muitas: ao fim de longas 52 horas de sofrimento, cá estava a moça!)



casa da D. Maria José uma das parteirasda vila na rua D. Ana Luísa da Cruz Costa, benemérita da vila (duou uma parte da sua fortuna para obras humanitárias em prol da população desfavorecida)


Hoje partida e de aspecto abandonado, foi esta a casa que viu nascer muitos dos Grândolenses, numa fraternidade, que à esquina desta ou de outra rua qualquer, nos tornava amigos na necessária convivência conjunta independentemente das lateralizações do pensamento ou da ideologia. Até porque a minha natureza genética foi, como quase toda a gente sabe, construida por um braço direito e por um braço esquerdo.

Considero-me acima de tudo Grândolense e Portuguesa, muito mais do que lateralmente tendenciosa: gosto de pensar em mim como livre pensadora, libertada já, por honra de local e data de nascimento, de antiguidades e mentalidades que nos prendem a um tempo em que quase todos os que conheciam a verdade tinham vontade de a mudar, mas poucos tiveram a coragem de o fazer - faziam-no no dia a dia, "contrabandeando" afectos e atenções para com aqueles que o estado, à data, não protegia.

Nesse tempo a verdade do dia a dia prendia-se na necessidade do trabalho, muitas vezes arduo, para se sobreviver; na boa vontade de alguns, mais bafejados pela sorte , pelos outros e talvez daí a tão aclamada fraternidade, tipica das nossas gentes, que ao Zeca pareceu estranha, num tempo em que já se assumavam nos horizontes os ventos da capitalização...


 
 
 
 
 
Foi um sonho que nos adormeceu a todos, que nos fez esquecer que o dinheiro nasce do fruto da produção e não nos é dado a ganhar pelas mãos dos outros, com a certeza de que se assim for, alguém nos vai cobrar de volta o que nos "ofereceu"! Pior do que tudo isso, porque essa verdade já nós a sabiamos ( embora esquecida), é ver que agora, pintados e lateralizados com as cores da liberdade, foram alguns dos que se proclamaram salvadores ( ou os filhos, primos, tios, afilhados e etc e tal, exactamente como antigamente) que nos levaram de novo à necessidade urgente de acordar, se não quisermos voltar de novo à miséria de outros tempos.
 
E entenda-se que por miséria considero muito mais do que a falta de dinheiro, a falta de cultura e de conhecimento sobre aquilo que é nosso...
 
Se for em nome da cultura, do progresso, das gentes novas e velhas (que somos todos humanos),
 
vamos lá meu povo
 
 
 
 





se for por interesses lateralizados, eu prefiro a minha livre independência !

5 comentários:

  1. Parabéns por seres natural de uma terra tão linda e tão simbólica.
    Estamos na mesma onda, tenho a Grândola no meu blogue e no meu coração.

    vamos lá meu povo !

    beijinho

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  2. Uma "menina" nascida depois do 25 de Abril que nos escreve desta maneira...
    Só posso dar-te os meus parabéns!

    Bem hajas!

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  3. Passei só pata te dar um beijinho :)

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