Foi desta que fui ao Alqueva!
Alvo de tantas discussões e até algumas contradições, o grande lago do Alqueva afigurava-se-me como uma estranha ( até meio contra-natura) e megalómana construção no meio da planície. Lembro-me das opiniões e leituras que "consumi" na esperança de encontrar algum consenso que me permitisse formar opinião ( ah! santa ingenuidade!). Na verdade não há nada como ir, ver, ouvir quem sabe, quem usa, quem sabe do que fala e só depois emitir ( ou formar) opinião.
Raios me partam se não consigo ainda ficar absolutamente abismada com o que a engenharia e "carolice" dos homens consegue construir. Como é que é possível que uma parede de betão consiga conter a força de tanta água... e no entanto ela está lá, presa, espraiando-se pela planície transformando os castanhos, secos e áridos, duma terra que parecia ter sido abandonada pela alma de um povo, em amarelos de aspecto sadio salpicados aqui e ali do vermelho das papoilas e do verde de uma cultura que pretende de novo ter força para surgir... E o grande lago formou-se à força de se conter uma riqueza que é nossa e que podemos e devemos usufruir para manter viva não só a alma mas também aquilo que alimenta o corpo de uma nação.
Ai Alentejo da minha alma, que agora já não te falta água para dares de comer à nação! Talvez te faltem ainda uma quantidade generosa de homens capazes de te fazer brotar do chão alguma esperança, que não se cansem facilmente, à primeira contrariedade, correndo para se abrigarem nas mãos do estado ( a que chegámos) mas isso como tudo o resto também se forma a partir da vontade.
Por enquanto podemos ir navegando nos barcos de recreio, visitar a marina, produzir energia e encantarmo-nos com esta nova paisagem a perder de vista... Espero que em breve se possa espalhar esta tão grande riqueza fazendo renascer a esperança e a vontade de regressar às terras onde o trabalho pode sempre dar o fruto necessário à nossa sustentação
Digo eu...